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solo

POR MANOELA DOS ANJOS AFONSO RODRIGUES

A) DESERTO: de-ser-to

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Substantivo masculino

1. Geografia: Região caracterizada, em sua maior parte, por solo muito árido, descoberto ou de escassa vegetação, com índice anual de precipitação de água inferior a 250 mm, distribuído de forma irregular e heterogênea, relevo formado pela alteração de certas rochas, ventos fortes, dias muito quentes, noites muito frias e baixa densidade populacional permanente.

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2. Ecologia: Bioma caracterizado pela limitada diversidade de flora e fauna e baixo índice pluviométrico, calor excessivo, salinidade e fluidez do solo de areia, frio noturno etc.

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3. Qualidade, propriedade ou condição de lugar que é despovoado ou desabitado.

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4. Carência absoluta de algo; aridez, solidão.

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Adjetivo

1. Em que não vive gente; desabitado, despovoado, ermo.

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2. Que se acha vazio ou é pouco frequentado; solitário.

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3. Jurídico: Que caducou em razão de deserção (diz-se de recurso abandonado).

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B) FLORESTA: flo-res-ta

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Substantivo feminino

1. Vegetação cerrada, constituída de árvores de grande porte, que cobre vasta extensão de terra; bosque, mata, selva.

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2. Figurado: Grande número de objetos, pessoas ou animais aglomerados, em geral longos e esguios como as árvores nos bosques e florestas.

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3. Figurado: Grande quantidade de coisas em desordem, formando um conjunto complexo, desorganizado; confusão, dédalo, labirinto.

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C) SEMEANDO FLORESTAS SOBRE DESERTOS

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Neste exercício artístico-teórico, a dicotomia deserto-floresta me leva a pensar sobre os modos de constituição do meu próprio espaço autobiográfico. Ao deparar-me com o desafio de criar atos autobiográficos mediados por uma caixa de madeira, tirei-lhe logo a tampa e preenchi seu espaço com terra preta e adubo. Plantei ali vinte e nove sementes carregadas de histórias vindas de um outro continente, porém quinze dias se passaram e não vi sinal de vida. O que brotou foi a pergunta: como semear florestas sobre desertos? Terra, nutrientes, água, boas sementes, tempo, planejamento, paciência, observação, escuta e cuidado: os mesmos elementos necessários à prática artística, ao ensino e à pesquisa. Cultivo espaços que talvez não sejam tão facilmente apreendidos logo de início. O convite que costumo fazer às pessoas é para que se deixem adentrar na floresta até que se sintam parte dela.

 

Nesse processo, a autolocalização se dá mais por meio da criação de ordenamentos temporários em meio à complexidade dos movimentos caóticos da vida do que pelo uso de mapas previamente determinados. A prática artística, nesse contexto, é instrumento de orientação para processos de adentramento. 

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MANOELA DOS ANJOS AFONSO RODRIGUES

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PhD em Artes pelo Chelsea College of Arts, University of the Arts London. Professora Adjunto da Faculdade de Artes Visuais (FAV) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Brasil. Professora do Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da FAV/UFG, vinculada à linha de pesquisa Poéticas Artísticas e Processos de Criação. Líder do grupo de pesquisa Núcleo de Práticas Artísticas Autobiográficas (NuPAA), onde atua na linha de pesquisa Autobiografia e Decolonialidade nas Práticas Artísticas Contemporâneas.

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PhD in Arts from the Chelsea College of Arts, University of the Arts London. Assistant Professor of the Faculty of Visual Arts (FAV) of the Federal University of Goiás (UFG), Brazil. Professor of the Art and Visual Culture Graduate Program at FAV/UFG, affiliated to the research area Artistic Poetics and Processes of Creation. Leader of the Autobiographical Art Practices Research Group (NuPAA), focusing on the area Autobiography and Decoloniality in Contemporary Art Practices.

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